Quando eu era criança contava os dias para cada data comemorativa. Carnaval, Páscoa, férias de julho... Mas outubro, o mês do meu aniversário, era sem dúvida o mais esperado. Pausa para momento esotérico que não acredito muito. Porém, uma vez, ouvi que no mês do nosso aniversário nossa áurea tem tendência a chamar mais energias positivas e por isso essa sensação de felicidade e de viver um momento especial, mesmo quando nada de novo acontece. Depois do aniversário, o segundo mês mais esperado e, esse sim, mágico: dezembro, NATAL.
O engraçado que quando a gente é criança tudo ganha um significado especial. As situações e pessoas exercem um fascínio muito maior sob a gente e isso com muito mais facilidade. Como quase todas as relações e momentos no mundo capitalista, o Natal não foge a regra e é mercantilizado. Tudo bem. Não vou ficar aqui com o mesmo discurso e com a mesma frase feita “esqueceram o verdadeiro significado do Natal”, mas esqueceram mesmo.
Os pontos principais dessa época não são mais a confraternização, o espírito de solidariedade, o nascimento de Cristo e sim, o movimento gerado na economia interna e externa. Parece que a palavra-chave do momento é CONSUMO.
Ano passado cerca de 25 % do apurado total da economia do pais foi conquistado no mês de dezembro. A Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop) revelou expectativa de aumento de 10% em cima da criação de empregos sazonais criados ano passado, cerca de 119 mil vagas.
Voltando para as minhas recordações, lembro que um pouco influenciada por todos os enlatados e filmes americanos que assisti durante toda minha infância, que mostravam a neve caindo, todas as luzes de New York, as pessoas desejando “feliz natal” até pra um desconhecido na rua – mais educadas impossível – eu elegi, desde sempre, dezembro como o momento mais feliz e mágico da minha vida.
Claro, que a minha mãe achava que isso ia passar quando eu fosse adulta. Ela até me chamava de Eloise, do filme “O natal de Eloise”. Bem, adulta já sou e ainda continuo amando os festejos natalinos e meus filmes antigos com as renas e afins! rs
Mas, voltando a realidade, não adianta tentar fugir das estatísticas, porque ninguém escapa disso. Eu, a Eloise da fase adulta, e você também somos frutos desse sistema. Quando entro em uma loja de variedades e compro sacos e mais sacos de bolas coloridas, luzes, velas vermelhas, e mais não sei quantos tipos de enfeites natalinos também contribuo para o movimento dessa economia.